quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

II - Dança da Lua [Lua Crescente]


Na noite seguinte, voltei à praia para continuar tocando como havia feito nas noites anteriores. Mas aquele encontro estranho com o Luan não me saía da cabeça...ele era tão diferente, tão pacífico e desapareceu tão repentinamente...misterioso aquele garoto.

- Lua, me ajude a tocar a minha flauta! Ondas, dancem ao som da minha música! Só falta a companhia do Luan, com seu violino...
- Queria falar comigo, Cloud?
- Luan?! Mas...como? O que...
- Eu disse que gosto de ouvir a "Dança da Lua", meu amigo.
- Amigo...essa palavra é forte demais...tem um significado tão forte...
- Exatamente por isso eu a usei.
- Mas nós começamos a nos falar ontem!
- Eu o observo faz tempo, Cloud. Ouço sua música e toda a sua conversa com o mar...a música é uma ótima maneira de se conhecer alguém...
- Você é diferente...não entendo quase nada do que você diz...
- Não se preocupe com isso, Cloud!
- Onde está seu violino? Gostaria que você me acompanhasse hoje também.
- Hoje eu não vim para tocar. Vim para ouvir somente. Poderia voltar a tocar?
- Claro!

Então recomecei aquela música que eu havia tocado na primeira noite...aquela mesma que parecia viva e que fluia independente da minha vontade, como se fosse ditada pelo mar e pela Lua. Estava feliz porque o Luan estava ali...de alguma forma, ele me fazia bem.
Sem perceber, a minha música cadenciada se tornou rápida e alegre e vi aquele par de olhos se iluminarem com o brilho das estrelas do céu.

- Alegria...é isso que está em seus olhos!
- Agora você é capaz de entender o por quê de eu ter-lhe tratado por amigo? Você me compreende mesmo sem perceber. Você é capaz de ler o meu olhar...
- Isso tudo é muito estranho para mim, mas mesmo assim eu gosto disso tudo.
- Cloud....- ele deu um grande sorriso e se levantou.

A música continuava e eu tocava com mais intensidade depois daquele par de olhos me olharem daquela forma e Luan, surpreendentemente, se levantou e começou a dançar em círculos. Girava em torno de si e em torno de mim, pulando, cantando algo incompreensível e batendo os pés descalços na areia úmida, com os braços abertos.

- Estou começando a sentir calor demais. Vou tirar esse sobretudo pesado.

Ele tirou aquele sobretudo preto e revelou a brancura sem igual de sua pele, que era tatuada sobre os ombros, tórax e costas. Era um tipo de tribal, com algum padrão que eu não podia compreender...na verdade eu nem me preocupava com aquilo.
Creio que toquei por muito tempo, pois vi que o céu começava a clarear quando a música cessou.

- Nossa! Isso foi tão bom, Cloud.
- Eu percebi que você gostou. Dançou como se estivesse valendo algo...
- Valeu a minha alegria, meu amigo. - ele me interrompeu.
- Você nem transpirou ou seu rosto nem se ruborizou! O que você é?
- Cloud, você me alegrou por duas noites. - novamente ele desviou-se da pergunta.

Ele me deu um beijo no rosto, me deu um abraço e se levantou para vestir o sobretudo negro.

- O céu hoje está limpo, Cloud...mas a Lua...
- É verdade, Luan, o céu está limpo. Mas o que tem a Lua? - Perguntei olhando para o alto, observando o céu.

Quando me voltei, novamente ele havia desaparecido como na noite anterior e sem deixar vestígio algum.

- Você sumiu denovo, né? Acho que estou ganhando um amigo...meio estranho, mas um amigo.

Me voltei à cúpula celeste novamente e lá, bem no alto, brilhava a Lua Crescente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mostre sua alma!